domingo, 2 de outubro de 2011

A tua boca






Não é veneno a tua boca

Quando chama a luz do dia
Quando diz que a chama é pouca
Quando ama tão vadia
Se reclama ser tão pouca
A outra boca que esvazia
Quando beija ou abandona
Quando clama entre as chamas
Quando chia...
Quando pia entre as ramas
Quando adoça é como ardia
Não é veneno quando mata
Quando salva e quando adia
Quando louca
Não é veneno a tua boca
Quando é coisa de magia...
Quando cobra que se enrosca
Quando água que se afoga
Quando forca que alivia...
Não é veneno a tua boca
Quando chama a luz do dia
Quando diz que a chama é pouca
Quando ama tão vadia
Se reclama ser tão pouca
A outra boca que esvazia
Quando beija ou abandona
Quando clama entre as chamas
Quando chia...
Quando pia entre as ramas
Quando adoça é como ardia
Não é veneno quando mata
Quando salva e quando adia
Quando louca
Não é veneno a tua boca
Quando é coisa de magia...
Quando cobra que se enrosca
Quando água que se afoga
Quando forca que alivia...
Quando louca
Não é veneno a tua boca
Quando é coisa de magia...


Zeca Baleiro

Poética

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.





Vinícius de Moraes

"o mesmo coração amoroso de outrora"